TRISKELION – A BUSCA PELO EQUILÍBRIO

TRISKELION – A BUSCA PELO EQUILÍBRIO O triskelion, ou tríscele em português, é um antigo e poderoso símbolo, cuja interpretação mais profunda remete à busca pelo equilíbrio entre os diferentes aspetos da vida e o fluxo constante da existência. Para mim, representa de forma perfeita a integração das três dimensões do ser humano: a física, a mental e a espiritual. Aplicado ao contexto de uma empresa, o triskelion também encontra ressonância. Podemos ver refletida nesta simbologia a procura do equilíbrio entre a sua dimensão física – com as instalações e as pessoas, a sua dimensão mental – expressa na missão e nos objetivos e a dimensão espiritual — representada pela liderança e pelos valores que a sustentam. Tal como na vida pessoal tendemos a valorizar mais algumas dimensões do que outras, também as empresas atravessam fases distintas no caminho para a maturidade. Uma organização verdadeiramente equilibrada, sustentável e bem-sucedida é aquela que consegue integrar, de forma consciente, estas três dimensões da sua existência. Os tempos conturbados que vivemos exigem uma visão mais madura e integrada — de nós mesmos, das empresas e do seu papel no mundo. Os excessos e a agressividade de um passado recente no mundo empresarial (comparável à impulsividade da juventude) mostraram que, sem mudança e sem consciência, as empresas não resistiriam. A crise económica global de 2008 foi um reflexo dramático dessa imaturidade. Hoje enfrentamos uma crise global de valores. Muitas pessoas deixaram de acreditar em governos, ideologias políticas, modelos empresariais ou estruturas sociais — porque já não se revêm nos valores (ou na sua ausência) que essas entidades promovem. Se pensarmos que passamos a maior parte do nosso tempo no local de trabalho, torna-se evidente a urgência de criar ambientes mais humanos, focados nas pessoas. Só assim as empresas poderão crescer e garantir a sua sustentabilidade. Mais do que nunca, as lideranças devem estar preparadas para uma gestão verdadeiramente humanizada — com atenção genuína às necessidades das pessoas, consciência da missão organizacional e uma visão integradora que privilegie a construção de relações baseadas na confiança. Ninguém se torna líder sem antes passar por um profundo processo de autoconhecimento. É esse caminho interior que prepara o indivíduo para liderar com autenticidade — através da empatia, da comunicação clara, da capacidade de adaptação, da assunção de responsabilidades e da atuação pautada pela integridade e por valores éticos. Francisco Ochoa Pires